quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


O que é não é mais
O que trans
gride a paz
Cria manhãs!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Nem resquício de mim

Eu, que te amo bem mais
Que a imagens ou clãs
Que a qualquer fé Cristã
Que a qualquer qualquer um
E bem mais que às palavras
E mais que à primavera
Mais até que as certezas
Mais que ao céu e à terra
Mas, eu que não vejo em você
Nem resquício de mim
Neste mundo, ínterim,
Me desapercebi
E agora me sinto você
E agora me vejo você
Mas não vejo em você
Nem resquício de mim
Neste mundo ínterim
Me desapercebi
Eu, já não quero um amor
Mesmo que ame demais
Mesmo que eu já nem seja poeta
Mesmo que o sol não nasça
Que canção não se ouça
Que a dor me desfaça
Seja em pó, mesmo assim
Já não quero este amor
Que não vejo em você
Nem resquício de mim
Nem resquício do amor
Que outrora sentiu
Que moveu céus e terras
Que iludiu as estrelas
A brilharem por nós
Que no meio do mundo
Já pôs-nos a sós
Ah! Que a nossa fusão
Ilumina o universo
Bem mais que mil sóis
Fomos bem mais que as forças
Que movem nações
No império do amor
Fomos Romas, Cristãos
Fomos Gregos, Otomanos
Ianques e Sérvios e Servos
Sim! Nós fomos escravos
Sim! Nós fomos heróis
Um do outro e amados
Fomos lindos, e só
Mas não vejo em você
Nem resquício de mim
Nem resquício do pó
Da epiderme roçada
Alisada, acariciada
Pela sua também
Que mudava o semblante
Que fazia o bem
De carícia em carícia
Delicadas delícias
Maledicências, malícias
Não não vejo em você
Nem resquício de mim
Neste mundo ínterim
Me desapercebi
27/07/11

sábado, 9 de julho de 2011

Se

Eu queria poder lutar por você, mas não posso! Estou de mãos atadas. Não sei se por algemas ou pelas ilusões postas em meus olhos que, se não me ataram as mãos, me fazem vê-las assim! Estou também com as pernas frouxas, bambas como as de uma criança que acabou de cair de bicicleta e agora não tem mais coragem de montar no veículo e seguir adiante. O fato é que esta criança está muito longe de casa e precisa correr para chegar a tempo do jantar. Mas imóvel com o peito arranhado (o meu por dentro) ela chora com medo e meiguice.
Se a minha vida fosse a noite desta criança; se o meu destino fosse a sua bicicleta; se a minha culpa fosse a bronca da mãe quando chegasse em casa e a ordem de tomar um banho, comer e ir para o quarto dormir; Se depois ela viesse ao meu quarto (enquanto eu fingiria dormir) e me desse um beijo cálido que aqueceria a alma e me faria esquecer talvez da queda, da bronca e da culpa, então eu quereria ser esta criança.
Mas sou apenas a criança das pernas bambas, é só até aí que minha história se cruza com a da queda. Nenhum beijo me tornará livre dos meus fantasmas.
Eu queria lutar por você! Mover mundos! Mas não posso! O que me torna uma pessoa cinzenta, sem graça, lamuriosa. Torna-me cada vez mais um bicho do mato que corre ao primeiro sinal de vida humana. Corre para longe dos faróis e dos motores, da luz e do som insuportáveis. E há sempre muito espaço para correr, entre árvores e riachos, pedras, um lugar para se esconder escuro e silente.
Se a minha vida fosse a deste bicho; se o meu caminho fosse correr por uma floresta com medo da luz e do som; se eu pudesse uivar, bramir, grasnar, urrar, e isso alertasse a todos que correriam ao meu lado, então eu quereria ser este bicho. Mas a minha história e a dele só se cruzam no medo de gente. A minha reação é bem distinta da dele: não me escondo entre pedras e árvores num escuro silencioso e calmo. Escondo-me sem sair da luz, onde ninguém consegue me encontrar porque me escondo dentro de mim. Uso uma máscara comum que ninguém duvida.
Às vezes este menino medroso e este bicho se encontram dentro de mim. E eles têm medo um do outro. Não sabem que são iguais. Que diferentes de mim, têm um motivo para correr e bradar e lutar pela própria vida!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Amanhecer em Grussaí

Era tão bela dormindo
Como um anjo do céu
Passei a noite sorrindo
Contemplando o rosto seu

De manhã, quando acordou
Olhos finos de inchados
Cabelos despenteados
Qual cantor de Rock in Roll

Quem a visse indagaria
Como tal bicho ousaria
Tão feio sorrir ainda

Mas no encanto do teu cheiro
Eu disse, no mundo inteiro,
Não haver coisa mais linda

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pedra

Já vejo agora esta pedra
Como ela chora sozinha
Não é de Sísifo ou Pedro
é solitária e perdida

Ei-a Pedra solitária
Dura e áspera não-lisa
A pedra que não se acha
Imóvel pedra sofrida

Esconde-se num buraco
Num fosso negro a pedrita
Quem ali a escondeu?
Foi por si mesmo escondida?

Se lhe esconderam quem foi?
O que fez a pequenina?
Que crime atroz cometeu
Pra punir-se ou ser punida?

Naquela inércia de Pedra
Expreme-se endurecida
E só até do silêncio
A pedra nem mesmo grita

Mas se é esquecida a dureza
É porque outrora foi vista
Não. Fora sempre ignorada
É uma pedra inexistida

Nem no meio do caminho
Pode-se estar a sofrida
Acha-se num ex-buraco
Por onde ninguém caminha

Mas então se tão distante
De tudo está a perdida
Como sei eu desta pedra
Será esta pedra minha

Estará presa no oco
Do meu corpo a dura e fria?
Não. Se a tenho não é só
Nenhum sentido faria

Quem sabe se esta pedra
Eu mesmo ela não seria?
Tão solitária e estéril
E tão desapercebida

Sim. Quem sabe esta pedra
Por me ser tão parecida
Seja eu mesmo que escrevo
E por isso tão vazia

Mas nunca morre esta pedra
Pois só morre quem tem vida
É imortal, só e eterna
É uma pedra sem Jazida

Jonathan de Oliveira Mendonça (Niterói, 27/06/2011)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Da engrenagem

A vida poderia ser mais fácil
Sempre penso isso!
Fico pensando o quanto é necessário sofrer
Para se conseguir alguma coisa
E para no fim vermos
Que na verdade não temos nada.
Viver é isso: buscar.
Mas uma busca tão sem sentido!
Não se sabe o que é buscado, mas se busca!
Ao mesmo tempo um sentimento de frustração
Por não se ter encontrado o que se quer!
E a minha reflexão é esta:
A vida poderia ser mais fácil!
São conflitos sobre conflitos!
E conflitos sobre qual a caracterização destes conflitos...
O tempo parece sempre diminuir
E à medida que se vai envelhecendo
Surgindo a necessidade por mais tempo
É que ele some mais facilmente
E com o tempo diminuindo...
Mais atividades... trabalho, estudo, militância, namoro, família, amigos
Cada um exigindo de você
Um tempo que você não tem...
um tempo que você não pode dar
quem sabe a um deles...
E você se pergunta:
Ei! Onde eu entro nesta história?
Por outro lado
As coisas acontecem
E a gente vai sempre se acostumando a elas
Sempre se moldando para estar nelas
Se modelando. Sempre se encaixando
E perdendo forma para outra forma
As coisas lhe são impostas!
E na maioria das vezes você nem grita!
Nem xinga, nem bate!
Na maioria da vezes você admite
E a deformação do seu eu
Vai se dando externa e internamente
Para um eu-quadrado
Ou um eu-oval
Ou um eu-triângulo
Sempre um eu-não-eu!
Sempre se tornando aquilo
Que você nunca foi!
Nunca pretendeu ser
Sempre se distanciando
Dos seus sonhos
Dos seus pensamentos mais íntimos
Sempre se esquecendo deles
Sempre ignorando o que de fato importa
E aprendendo a se importar com o nada
Com o que consegue ser inútil
Sempre perseguindo uma futilidade a mais
Expostas nas prateleiras
Rosas, verdes, amarelas,
A que combina com a estação
Com a hora, com o instante
A que vai me dar o menor valor calórico
O que tem ar condicionado
O que todo mundo quer
O que é diferente de todo mundo
O que passa na TV
O que não passa na TV
E tudo é colocado em prateleiras
Em prateleiras gigantes
Imensas, montanhas de prateleiras
Bicho, camisa, almofada,
Bebida, comida, escola
Saúde, Doença, irmão
Pai, estuprador, delegado
Apresentador, Cigarro, cadeira
Mãe, algodão, chave de casa
Tudo numa mesma prateleira
Tudo como objeto do tempo
Tudo com um molde certo
Exato. Como se fosse assim exatamente.
De forma que o tempo que lhe molda
A idade que lhe molda
Os amigos que lhe moldam
A família que lhe molda
O trabalho que lhe molda
A escola que lhe molda
A cidade que lhe molda
A linguagem que lhe molda
Vão se tornando todos obsoletos
E você se desfaz pouco a pouco
De um e de outro sem fazer questão
Troca, substitiu, compra!
Consegue outro namorado
Um sem o qual você não vive
Um para a vida toda toda toda
E ao mesmo tempo em que ganha presentes
Outro cachorrinho mais fofo
Bem mais fofo que o que morreu
Que está nas fotos da família
Junto com a tia que você odeia.
Você troca de música
E com ela de gosto
E com ele de amigos
E com eles de lugares
E com eles você atualiza as fotos
As sempre fotos sorrindo
Mostrando o quanto é feliz
E que a vida não poderia ser melhor
E que estes amigos são pra sempre
E que você adora esta música
Como nenhuma outra
E que tudo agora é lindo
Mas é tudo uma grande engrenagem
E você é parte
Ou parafuso ou dente
E roda roda roda
Assim como o tudo roda
A terra, o sol, a galáxia
E você pequenino roda
Chegando sempre no mesmo lugar
Fazendo sempre as mesmas coisas
Comendo a mesma comida
Trocando as mesmas roupas
Agindo maquinalmente com as pessoas
“Olá!” “Bom dia” “Boa noite”
“Como vai” “Tudo bem” “Eu também”
Tudo sem exclamação
Tudo sem interrogação
E você roda como uma bola
Do esporte do final de semana
Ou do início do dia
Roda como a sua cabeça roda
No fim da noite de Vinho
Ou de cerveja
Ou de qualquer destilado
Que tenha vindo
Original ou falsamente
De lugares frios ou quentes
Bem diferentes do seu
Você gira como o pneu
De um carro, ou de ônibus
Ou de caminhão ou de moto
Que te leva pro trabalho
E vê o mundo girar a 130 por hora
E você gira como a programação
Que passou ontem e hoje
E que você verá amanhã
Mesmo sabendo do óbvio
Você gira como o seu suor
E como a água
Que não cansa de evaporar
E chover e ser bebida
E ser suada para evaporar
E então você cansa
Fica tonto
Tonto de girar tonto do tempo
Tonto de se encaixar de suar
De sangrar Tonto da vida
Tonto De ficar
Tonto Então você apaga a luz
E deita sem conseguir dormir
Mas na solidão do quarto
Se você pensa, se você reflete
Você preferiria não pensar
Acha-se pequeno diante do mundo
Diante do mar, do céu
Do que há para além
Percebe-se um ignorante
Duvida se Deus existe
Duvida se ele não existe
Questiona padrões
Gestos, atitudes
É então, na reflexão do quarto
Que você, longe de deuses e ídolos
Longe de padres e putas
E de pastores e ovelhas
Longe de reis e mendigos
De opressores e oprimidos
Você se sente novamente humano
O molde fica pequeno demais
E você consegue ser maior
Bem maior que qualquer Deus

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Por que fugiu de mim o velho mar?
Por que das oscilantes afastado
Encontro-me por mar já derramado
Em vagas de deserto a divagar

Vagando a areia ao vento aleatória
E deformando as ondas nas areias
Deserto eu, sem sangue já nas veias
Num barco inconduzível, minha história.

Por que perdeu-se o mar de mim? E agora
Por que me encontro seco? Por que então?
Por que tanta pergunta? Coisa vã!

Converterá-se em mar deserto afora?
Tempos de água e riso voltarão?
Que água é mãe, amante, amiga irmã!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fechar meus olhos para tal imagem
E os meus ouvidos pra sonoridade
Porque é inverno e o amor não cantará
Abrir os olhos obriga coragem
Interrompê-los desperta a saudade
E a impressão de que há o que se não há
JOM - 14/06/2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Narcisinho Feio

Num largo lago logo viu-se um vil
Um ganso feio e fanho, dava pena
Sonhou-se  sonso o ganso numa cena
Que a si fazia um ganso sacro e riu

O lago refletia a relva e o rosto
Do tempo temperando a sua tez
Creu-se crescendo a pluma a pena os pés
Adulterou-se em adulto a contragosto

E pondo-lhe o olhar n'olhos ilhados
Contemplativo o choro refletido
Ondava os olhos seus olhos parados

Caindo a cara com o olhar caido
Submergiu no soneto sonhado
E um cisne se sagrou jaz ganso sido

sábado, 21 de maio de 2011

Currículo da Pobre Preta, Gorda, feia, velha... e ainda Mulher. E a busca de emprego!

Escrevi este currículo
Bem que possa parecer
De fato um tanto ridículo
Porém, por estranho ser,
Que o leia atentamente
Curioso ao diferente

Dados Pessoais

Nome Completo: Maria
Santos Silva de Oliveira
Habito em Olaria
Por três visitei parteira
Sou do Rio de Janeiro
Trinta e nove anos inteiros

Sobre a forma de contato
Telefone é orelhão
Mas não tenho um de fato
E e-mail, não tenho não
Por não ter computador
Que é caro e é pra Dr.

Experiência Profissional
Experiência é tanta
Que aqui para relatar
Posso até perder as contas
E se acaso não lembrar
Importa o que aqui está
-Nem sendo isso alguém lerá-

Eu já fui Dona de casa
Trabalhei de diarista
Tudo cons filhos n’asa
Como feito de artista
Fazia comida, lavava
Roupa e tudo agüentava

Preocupada com o marido
Bonita o quanto possível
Maquiava... e o leite vivo
Derramava imprevisível
Limpava o fogão correndo
Sendo dez uma só sendo:

Mais novo querendo comer
Outro querendo fumar
A menina quis crescer
Por isso resolveu dar
A patroa quer as roupas
E fala boas e poucas

Escuto sem reclamar
Limpo a bagunça todinha
A minha, as do meu lar
E aquela que nem é minha
Pra cuidar do meu marido
E dos meus filhos queridos

Cursos

Curso, eu tenho os da vida
Que a vida não concedeu
Que eu fizesse outros na ida
Do curso que a vida deu
Sei apenas lé-com-cré
(Isso não basta, não é?!)

Foto 3x4

Agora o que mais importa
Pelo que eu sempre noto
Relatarei... sobre a torta
Que aparece na foto:
Preta, Gorda e feia é
Velha, e ainda mulher!

Mas relato defendendo
Com argumento e vigor
Pois qualidade é adendo
Pro povo que é sofredor
O que eu quero é trabalho
O resto, eu como com alho!

¹
Sou preta, cabelo ruim
Mas não dispenso labuta
Se mi’a mãe me fez assim
Chame de filha da puta
E meu cabelo de ouriço
Porém, me dê o serviço

Se pensar bem, tu verás
Que pra uma maior usura
Melhor mi’a pele que traz
A marca da escravatura
Que o salário desce mais
E o teu lucro assegura

²
Sou gorda, do braço forte
Mas não dispenso labora
Se a vida não me deu sorte
Chame de obesa agora
Diga que como chouriço
Porém, me dê o serviço

Se pensar bem, tu verás
Que pra uma maior usura
Pior ser magra demais
Melhor sobrar a gordura
Que o salário desce mais
E o teu lucro assegura

³
Sou velha, de trinta e tantos
Mas não dispenso a panela
Se a idade tira os encantos
Velha e feia é mais que a bela
Chame até de estrupício
Porém, me dê o serviço

Se pensar bem, tu verás
Que pra uma maior usura
Melhor pros saldos finais
Estar perto a sepultura
Que o salário desce mais
E o teu lucro assegura

4
Sou mulher, tenho vagina
Mas não dispenso a enxada
Se sou frágil e pequenina
Tenho a força ocultada
Ofenda-me e o catiço
Porém, me dê o serviço

Se pensar bem tu verás
Que pra uma maior usura
Bem mais que um macho voraz
Vale minha formosura
Que o salário desce mais
E o teu lucro assegura

Informações Adicionais

Já com o diálogo aberto
Vou-lhe chamando patrão
Pois creio que és esperto
E o lucro é tua ambição
Eis aqui a moça torta:
Preta, gorda, quase morta

Se cada das qualidades
Puxa abaixo o meu salário
E tu, só por vaidade
Não me contrata, és otário
Eu vou a um mais esperto
Que me contrata decerto

E quando lá estiver
Recebendo a metade
Meu patrão vai lhe dizer
Que o que eu lhe disse é verdade:
“Sempre é caro o branco e macho
Mulher e preta é capacho”

*
A marca da escravatura
A marca da ignorância
Arrebata a escultura
Que se exalta com pujança
Na testa da negra estampa
A inscrição de inferior
Com o sangue na mão branca
Sangue negro em seu senhor
E o sangue fora da vista
Derramado se esconde
E o branco capitalista
Finge não saber de onde
Vem o rubro escondido
-Não sabe a sua nascente-
E à leste, está esquecido
O gigante continente
Que chora a dor e a avaria
Da humanidade inteira
No sofrimento de Maria
Santos Silva de Oliveira
Que por possuir a cor
Do que é mais subjetivo
Apanha e não vê que a dor
Que sente não tem motivo

*
Na gordura, o empecilho
Cada quilo uma vergonha
Cada vergonha estribilho
E em cada verso o que sonha:
Não querer corpo vendido
-Prostitui-se a formosura-
Querer, do ventre nascido,
Alimentar a criatura
Não querer que sobreponha
A cor pelo sentimento
Não querer que o que se sonha
Seja, ao mercado, fomento
Querer que da humanidade
Seja o útero expressão
Querer que fragilidade
Não seja submissão
E um sentimento lhe chega
Como nunca até então
Um sentimento que nega
A busca da exploração
Um sentimento que acampa
E marca a sua mão
Vendo que a marca se estampa
Na palma de outra mão
E que as mãos espalmadas,
Uma a uma, mão a mão
Não se unem acorrentadas
-resquícios da escravidão-
Hoje, presas, são libertas
Uma a uma, mão a mão
Livres-presas apontam certas
A fazer revolução

17_18/02/11