domingo, 12 de dezembro de 2010

Um devaneio hipnagógico

Tento escrever poesia
Mas a dureza do dia
Embrutece o sentimento
O coração que é surrado
Bate forte e magoado
No peito que morre lento

O corpo todo reclama
Do pé que carrega a lama
À mão que carrega o calo
E o ombro que leva o mundo
Fala em cochicho, resmungo
Do peso de carregá-lo

Penso na filosofia
Mas a dureza do dia
Emburrece o pensamento
Os olhos querem descanso
E o cérebro fica manso
E a cabeça dói por dentro

Lembro “Não ter ou não ter”
Porque pensar é poder
E não se pode pensar
O Tempo é só pro sustento
Quem pensa perde o momento
Que tem pra se sustentar

Hipnagógico penso
No instante utópico  imenso
Entre o real e o sonhar:
“Um dia vou entender:
Porque é que preciso ter
Para poder precisar?”

Jonathan Mendonça, 12/12/2010