terça-feira, 4 de setembro de 2012

Filha minha, filha minha

Filha minha, filha minha...
Mas nem nasceste, pura filha minha,
Mas não nasceste, e nisto há motivo
De eu não pertencer à estrada de quem caminha
Com o teu útero no colo diretivo

Quem no mundo pó-la-ia, filha minha
Ignora-me a existência, e teria
Outra filha, em outra essência de expeli-la
Que pra tê-la tu, tu filha minha,
Minha e filha de tua mãe, tu só seria
Se assim fosse, filha dela sendo minha
Filha dela, mas mãe minha, sendo filha!

Eu com outra mãe diante, filha minha
Não poderia tê-la condensada
Que a tua mãe é única, é ela
Perdoe filha! Que outra mãe pra ti
Pra mim é coisa inconcebida
Eu te educaria, tendo ela,
Sua ideia boa, seus carismas
Te ascendendo a brasa da existência
E pondo lenha boa à brasa viva!

Mas outra mãe, que vejo, lenha verde!
De tanta existência ultrapassada
De quem nem existiu tamanha a sede
De existência inútil saciada!
Da arquibancada frouxa das vitrines
Das prateleiras vis, que viam olheiras
Reminiscências vagas de revistas
Contas que a estética vazia lhe impusera
A esta mãe eu desvio o possível
Pois mãe de minha filha não seria

- Mas se viesse desta outra filha minha
Embora não sendo esta que dizia
Seria amada muito, sim, seria. -

Mas não seria tu, minha linda filha
A quem já muito amo e idealizo
O teu seria um lindo nascimento
Da filha que cultivo em oca vez!
Que a minha vez se corroeu por dentro
De tanta vez que foi mal sendo vez

Teu nome, entretanto, pequenina,
Mantenho-o comigo reservado,
Numa pequena folha escrito a tinta
Escrita de dois jovens enamorados
Conversas de amores desta vida!
Que as desavenças cedo separaram
E separaram de você, seu nome, vida.

Jonathan Mendonça, 2012

Um comentário:

Eloá disse...

Belos versos e profundas lembranças...