Tenho escrito as poesias e apagado-as a todas
Escrevo. Contemplo. Sinto-as. E apago.
Deleto.
Não despontará à eternidade este sentimento torto.
Não darei a esta tristeza o privilégio sobre a alegria...
(que a alegria é só aquela da noite, de um samba, num bar...
E que a tristeza é amiga, companheira, pra todas as horas)
Não atualizarei mais os blogs com estes fragmentos de dor (como ela bem queria)
Não darei a esta dor privilégio sobre o prazer
(que o prazer é só a volúpia, o cheiro, o clímax, a atração convulsa. O choque e a explosão...
E que a dor... é permanente e aparenta nos olhos esta mágoa embaixo... e estas bolsas de insônia. E esta testa frisada.
Portanto os apago sem
pena, nem dó.
Apago depois de contemplá-los (e eles nunca foram escritos).
Mas escrevo-os primeiro
E exorcizo-me de cada
poema.
Se esta tal de poesia/ Deu graça à minha vida/ Razão a minha existência/ Posso dizer que hoje em dia/ Nada mais a poesia/ Deu-me, além da demência
domingo, 16 de setembro de 2012
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Filha minha, filha minha
Filha minha, filha minha...
Mas nem nasceste, pura filha minha,
Mas não nasceste, e nisto há motivo
De eu não pertencer à estrada de quem caminha
Com o teu útero no colo diretivo
Quem no mundo pó-la-ia, filha minha
Ignora-me a existência, e teria
Outra filha, em outra essência de expeli-la
Que pra tê-la tu, tu filha minha,
Minha e filha de tua mãe, tu só seria
Se assim fosse, filha dela sendo minha
Filha dela, mas mãe minha, sendo filha!
Eu com outra mãe diante, filha minha
Não poderia tê-la condensada
Que a tua mãe é única, é ela
Perdoe filha! Que outra mãe pra ti
Pra mim é coisa inconcebida
Eu te educaria, tendo ela,
Sua ideia boa, seus carismas
Te ascendendo a brasa da existência
E pondo lenha boa à brasa viva!
Mas outra mãe, que vejo, lenha verde!
De tanta existência ultrapassada
De quem nem existiu tamanha a sede
De existência inútil saciada!
Da arquibancada frouxa das vitrines
Das prateleiras vis, que viam olheiras
Reminiscências vagas de revistas
Contas que a estética vazia lhe impusera
A esta mãe eu desvio o possível
Pois mãe de minha filha não seria
- Mas se viesse desta outra filha minha
Embora não sendo esta que dizia
Seria amada muito, sim, seria. -
Mas não seria tu, minha linda filha
A quem já muito amo e idealizo
O teu seria um lindo nascimento
Da filha que cultivo em oca vez!
Que a minha vez se corroeu por dentro
De tanta vez que foi mal sendo vez
Teu nome, entretanto, pequenina,
Mantenho-o comigo reservado,
Numa pequena folha escrito a tinta
Escrita de dois jovens enamorados
Conversas de amores desta vida!
Que as desavenças cedo separaram
E separaram de você, seu nome, vida.
Jonathan Mendonça, 2012
Mas nem nasceste, pura filha minha,
Mas não nasceste, e nisto há motivo
De eu não pertencer à estrada de quem caminha
Com o teu útero no colo diretivo
Quem no mundo pó-la-ia, filha minha
Ignora-me a existência, e teria
Outra filha, em outra essência de expeli-la
Que pra tê-la tu, tu filha minha,
Minha e filha de tua mãe, tu só seria
Se assim fosse, filha dela sendo minha
Filha dela, mas mãe minha, sendo filha!
Eu com outra mãe diante, filha minha
Não poderia tê-la condensada
Que a tua mãe é única, é ela
Perdoe filha! Que outra mãe pra ti
Pra mim é coisa inconcebida
Eu te educaria, tendo ela,
Sua ideia boa, seus carismas
Te ascendendo a brasa da existência
E pondo lenha boa à brasa viva!
Mas outra mãe, que vejo, lenha verde!
De tanta existência ultrapassada
De quem nem existiu tamanha a sede
De existência inútil saciada!
Da arquibancada frouxa das vitrines
Das prateleiras vis, que viam olheiras
Reminiscências vagas de revistas
Contas que a estética vazia lhe impusera
A esta mãe eu desvio o possível
Pois mãe de minha filha não seria
- Mas se viesse desta outra filha minha
Embora não sendo esta que dizia
Seria amada muito, sim, seria. -
Mas não seria tu, minha linda filha
A quem já muito amo e idealizo
O teu seria um lindo nascimento
Da filha que cultivo em oca vez!
Que a minha vez se corroeu por dentro
De tanta vez que foi mal sendo vez
Teu nome, entretanto, pequenina,
Mantenho-o comigo reservado,
Numa pequena folha escrito a tinta
Escrita de dois jovens enamorados
Conversas de amores desta vida!
Que as desavenças cedo separaram
E separaram de você, seu nome, vida.
Jonathan Mendonça, 2012
geladeira
Cedi ao hábito injustificável
De abrir a geladeira e fechá-la
Pouco pelo que havia em seu intorno
Mais pelo que se não havia!
De abrir a geladeira e fechá-la
Pouco pelo que havia em seu intorno
Mais pelo que se não havia!
…, mas você gosta de ao chegar em casa
Contar do seu dia, seus feitos e dramas
Trapaça da vida, eu também gostaria!
E quando o dia tivera sido difícil
Sentir-se envolvendo de um tentáculo macio
As pernas recostadas noutras pernas
Talvez os pés se acariciando
E um peito quente e cheio pelas costas
Mas a geladeira estava fria. Talvez vazia.
Abri mais de uma vez. Não alterou-se....
E nem contou-me como fora seu dia
Nem sobre a ida ao mercado
Ou a necessidade de comprar comida!
Não houve motivo para reclamação...
Mas na cama quentinha eu teria ao meu ouvido
Uma boca, uma voz, e a sensação de mil assuntos!
..., mas você gosta de ao chegar em casa
Ouvir do seu dia, seus feitos e dramas
Trapaça da vida, eu também gostaria!
Jonathan Mendonça, 31/08/2012
Contar do seu dia, seus feitos e dramas
Trapaça da vida, eu também gostaria!
E quando o dia tivera sido difícil
Sentir-se envolvendo de um tentáculo macio
As pernas recostadas noutras pernas
Talvez os pés se acariciando
E um peito quente e cheio pelas costas
Mas a geladeira estava fria. Talvez vazia.
Abri mais de uma vez. Não alterou-se....
E nem contou-me como fora seu dia
Nem sobre a ida ao mercado
Ou a necessidade de comprar comida!
Não houve motivo para reclamação...
Mas na cama quentinha eu teria ao meu ouvido
Uma boca, uma voz, e a sensação de mil assuntos!
..., mas você gosta de ao chegar em casa
Ouvir do seu dia, seus feitos e dramas
Trapaça da vida, eu também gostaria!
Jonathan Mendonça, 31/08/2012
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