Já vejo agora esta pedra
Como ela chora sozinha
Não é de Sísifo ou Pedro
é solitária e perdida
Ei-a Pedra solitária
Dura e áspera não-lisa
A pedra que não se acha
Imóvel pedra sofrida
Esconde-se num buraco
Num fosso negro a pedrita
Quem ali a escondeu?
Foi por si mesmo escondida?
Se lhe esconderam quem foi?
O que fez a pequenina?
Que crime atroz cometeu
Pra punir-se ou ser punida?
Naquela inércia de Pedra
Expreme-se endurecida
E só até do silêncio
A pedra nem mesmo grita
Mas se é esquecida a dureza
É porque outrora foi vista
Não. Fora sempre ignorada
É uma pedra inexistida
Nem no meio do caminho
Pode-se estar a sofrida
Acha-se num ex-buraco
Por onde ninguém caminha
Mas então se tão distante
De tudo está a perdida
Como sei eu desta pedra
Será esta pedra minha
Estará presa no oco
Do meu corpo a dura e fria?
Não. Se a tenho não é só
Nenhum sentido faria
Quem sabe se esta pedra
Eu mesmo ela não seria?
Tão solitária e estéril
E tão desapercebida
Sim. Quem sabe esta pedra
Por me ser tão parecida
Seja eu mesmo que escrevo
E por isso tão vazia
Mas nunca morre esta pedra
Pois só morre quem tem vida
É imortal, só e eterna
É uma pedra sem Jazida
Jonathan de Oliveira Mendonça (Niterói, 27/06/2011)
Um comentário:
gostei bastante! o caminho de fora pra dentro, bem legal, abraço!
Paulo
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