domingo, 22 de novembro de 2009

Só de ver-te a mim bramir
Num furor incoercível
Só de ver-te reluzir
Como um espelho Narciso
Julgando-se inescrutável
No auge da mocidade
Mostrando-se incomparável
Dona de muitas vontades

Penso em revelar-te logo
Que és nem terço do que pensas
Que o calor deste teu fogo
Não tem energia imensa
Que o que divulgas a mim
Antes sei ser tua fraude
Que o engano é teu confim
Que mentindo faz alarde

Mas calo-me esperando
Inerte, tua atitude
Que insulta-me provocando
E que insiste amiúde
Escrutando tua coragem
Rasgo tua roupa e tento
Provar ser tudo bobagem
E nisso não me contento

Mas tu, despida, prossegue
Legitimando o teu dito
Exige que a roupa entregue
Ficando também despido
Após me insitar desejo
Delira no meu delírio
Aproveitando o ansejo
Se viola, eu te dedilho

E num ritual macabro
De gozo e de mazoquismo
Rasga-me as costas, lhe abro
Num recíproco sadismo
Ignorando a decência
Como animais se espancando
Os corpos, a efervescência
O sangue, e nós dois suando

Depois de horas frenéticas
De luta, de desvario
As nossas caras patéticas
Eu, maluco, tu, no cio
Concluo ter veracidade
No que disse horas atrás
Mas não digo, e assim, mais tarde
Dormindo, enfim, temos paz

17/02/2007

4 comentários:

Anna disse...

A data chamou atenção.

Fernanda disse...

Perfeito !

alineleao disse...

Pooorra .. Quer escrever mais não ?!
GENIAL, parabéns ..

Amanda Ávila disse...

Gostei... Esse vai pro livro! rs