segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Prazer, sou um palhaço!

Vendo o quanto dizem de mim, percebo o quanto me conhecem e escorrem lágrimas nos olhos. Eis o paradoxo: o palhaço é triste. A sublimação da alegria no outro é a busca imensurável da alegria em si. E por tempos elas se confundem, afinal, alegria é alegria. Errado. O nosso individualismo não nos permite ser por completo feliz no outro. É um passo. Mas quem se faz no outro foge de si. Centrífuga.

Por falar em fuga. Aos poucos fogem os que me amam. Talvez seja porque amar machuca. Não sei. Ainda não resolvi em quê acreditar a cerca do amor. Sei que se alguém lhe ama, aproveite, não deve durar. Ao menos ao que me parece é assim.

Ai de mim que a vida é dura. E tanto que ainda não sei. No poço das incertezas ecoa minha voz e lá no fundo, nas rasas águas lacrimais que talvez existam, a minha imagem reflete. Não a do palhaço, maquiado, travestido. No poço é a imagem do íntimo que [,pelo escuro, não] se vê.

O olhar diagonal do palhaço diz que o palhaço é de palha. Mas pensam que ele é de aço! O palhaço se deixa levar, se deixa bater, se deixa apanhar, e isso causa risos. Descobri no palhaço que piada é desgraça. Que desgraça tem graça [e des]de muito tempo é assim. É imutável. Tacam fogo no palhaço, pensando que ele é de aço. Mas o palhaço é de palha. Retalha[-se]. Falha. E já não é como antes.

Palhaço do riso empalhado.

Cheio de palhaçadas!

Um comentário:

Ana Carolina de Assis; Julya Tavares. disse...

É lindo, e é puro, porque é sincero. E mesmo que as palavras não traduzam a verdade absoluta, se é que ela existe,a poesia nos permite fingir e, obliquamente, mostrar-nos somente àqueles capazes de compreender. Gostei muito, parabéns.

Ana