segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O lado concreto do amor! (inacabado)

Vou confessar-lhe. Menti todas as vezes que disse-lhe não amar. Te amei. E como amei! Todas as vezes que o meu corpo pesado relaxava sobre o seu, sujo de mim. Inertes. Te amei. Te amei com o meu corpo. Unicamente com ele. E com a mente, pelo corpo. No corpo todo. Onde o suor nos pôde molhar.

Nossos corpos nauseados, extasiados, fumegados, flambados. O amor não pode ser mais intenso que a nossa felinidade, que a nossa abstrusa expiração, e que a aspiração à inspiração . Não pode ser mais abrasador que os nossos relâmpagos. E os brados trovoantes? Há amor mais sincero que este meu? No meu estado estatelado, minha figura caótica não estava explicitando que eu te amei?

Não! Não posso mentir pra você. Te amei. Amei a brasa, o fogo. A gravidade. A atração dos corpos compostos. A atração dos opostos. Talvez você nunca entenda o meu amor. Provável fique perplexa, me queira mal depois desta confissão. Mas o amor tem dessas coisas. O meu amor era puro. E real. Sem nada de platônico. Um amor. Verdadeiramente. Materialista. Sensível às apelações da pele. Ao magnetismo insofismável. Amei a rosa opulenta. O gosto de concreto e cimento. As horas intermináveis. As filosofias monossilábicas pós-voluptuosidade. O caos dos nossos mutuos-flagelos sem mazela alguma. Amei as convulsões, os gêiseres. E a tua cara de satisfação. Ah, a tua cara de satisfação, de longe, foi o que mais amei. Amei o teu corpo, respondendo em liquefação a todos os meus apelos incoercíveis. As tuas erupções. Vulcão, como te amei. E todos estes seus graus.

E hoje, por mais que eu não possa te amar; pela sórdida determinação convencionada (não por mim) por esta sociedade; pela sua burrice; pela sua errônea definição de amar; por esta culpa que se pretende impor sobre si mesmo (e denominá-la amor); ainda sim, haverei te amado. Por mais que se anseie expedir as fotografias e aniquilar as lembranças, o que há de amor permanecerá: o instante, inabalável, inalterável, nas artérias do tempo, nas veias do espaço. Na pulsação contígua. Em nosso mais íntimo sossego.

3 comentários:

ana disse...

A insensatez é a única lógica que resta aos apaixonados...

Lucas L. Rocha disse...

intenso, muito intenso. gostei bastente, mas não sei se tenho muitos comentários a fazer. está bom e acho que isso já é o bastante :)

Krol disse...

be cool :)