Sim. Estava triste. Possuia uma tristeza no olhar característica aos desapaixonados da vida. Já não havia muito que comemorar embora soubesse perceber maravilhas em peculiaridades. Olhava o Sol, o Céu, as formigas e estas coisas o faziam refletir. Pensava. Estava triste. Seus maravilhosos amigos o diziam: Fica feliz! Imploravam: Fica feliz! Impunham: Fica feliz! Obrigavam: Fica feliz! Mas ele não se submetia àquela ditadura da felicidade. Refletia sobre o tempo; sobre a história; sobre as contradições dos humanos e sobre suas mazelas. Pensava em Deus, no Universo e na vida real, na barriga esfomeada do menino de rua. Fazia relações metafóricas verdadeiramente lindas e tristes que podiam comparar um inseto a um homem. Outras menos belas, mas ainda tristes, que podiam relacionar Deus ao ser humano. Via a beleza na tristeza. Não a mesma beleza. Não era a de se usar um cachecol em dia de frio. Era a beleza de sentir o frio pelo outro que não teria o cachecol. Tinha a sensibilidade de entender que a felicidade não era senão sinônimo de esperança. E que a esperança não era senão sinônimo de atitude. Então abaixou a bandeira branca e feriu-a antes de hasteá-la vermelha. A bem da verdade, vermelho sempre fora sinônimo de Amor!