Choveu e a casa está cheia
E pra formar um mar só falta areia
A dona da casa olha a água escorrendo
Pela casa e nos seus olhos, nos cantos
Neste choro até sente-se podendo
Jurar vir toda a água de seus prantos
Fazendo-se de forte para a amada
O marido por dentro está morrendo
Mas pensa: Como posso não ter nada
E tudo o que possuo estar perdendo?
Choveu e a casa está cheia
E pra formar um mar só falta areia
Existe neste mundo algum culpado
Por toda esta desgraça desta gente?
É chuva, é fome, é sede, em todo lado
E a revolta esvaindo na aguardente
E a aguardia os olhos do casal
Desiludido disse o homem fraco:
Se é pra continuar sofrendo tal
Melhor morrermos juntos no barraco
Choveu e a casa está lama
E pra formar velório falta grana
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P.S.: A poesia foi escrita antes das tragédias que ocorreram no Rio/Niterói, mas não foi nenhuma previdência!